domingo, 22 de junho de 2008

Dos facilitismos

A polémica em redor do exame de Matemática veio uma vez mais demonstrar o espírito facilitista que reina em Portugal e, essencialmente, na educação. Senão vejamos:

- Os meninos não podem chumbar na primária porque constitui uma grande vergonha e podem ficar traumatizados.

- Os meninos não podem levar muitos trabalhos de casa no ciclo porque os sobrecarrega e podem ficar traumatizados.

- Os professores não podem ser muito rígidos com os alunos porque, para além dos meninos poderem ficar traumatizados, os primeiros ainda se sujeitam a uma queixa dos encarregados de educação.

Assim vamos longe.

Pensemos agora nos casos dos alunos que seguem o secundário (ainda com alguns facilitismos pois, em determinadas escolas, o ensino secundário é apenas uma prolongação do ciclo) e depois chegam ao Ensino Superior, onde os professores não se preocupam com o possível trauma dos estudantes.
Então e o que acontece?
Desistências, queixas dos professores que não acompanham os alunos, não os ajudam nos trabalhos, lhes dão trabalhos muito complicados...

Não quero com isto defender os professores. Todos nós nos deparamos com injustiças praticadas por estes mas que vão um pouco para além de não termos ninguém que nos leve ao colo.

A educação e a capacidade de trabalho começam a ensinar-se ainda antes de se entrar para a escola. Cabe aos pais e professores mostrarem o caminho que os alunos podem seguir mas sem lhes "fazer a papinha". Não lhes faz mal nenhum aprenderem a desenrascarem-se por eles próprios, a lutar por aquilo que desejam, a serem pessoas.


Fazendo agora a transição do ensino para o mercado de trabalho, reparamos que a situação não se modifica muito. Sempre que ao português é pedido algum sacrifício aquele reclama, critica e quando lhes pedimos alternativas fica-se com a resposta: "Não sou eu que estou lá, pois não?".

Pois não, a crítica e o "treino de bancada" é tão mais fácil que a luta do quotidiano!!!

3 comentários:

Manuel Fernandes Tomás disse...

http://www.sinedrio-fdl.blogspot.com/

FaDreH disse...

Portugal, o grande candidato a formação high-level de surfistas e socialites

Francisco Norega disse...

É bem verdade, o que dizes. De qualquer forma acho absurdo um aluno do 2º ano (baseio-me no caso do meu primo) levar, diariamente, para fazer em casa, duas fichas de português, uma de matemática, uma cópia, um auto-ditado e uma composição.
Tudo bem que se faz muito alarido por causa dos "traumas" dos meninos, mas não exageremos. Dê-se tempo às crianças para serem crianças!