terça-feira, 10 de junho de 2008

"As pessoas inventam com cada desculpa para não trabalhar!"

Como estudante em época de exames finais, a biblioteca da minha área de residência (Cascais) tem-se revelado o local mais produtivo de todos, superando até o facto de ter a praia a duas ou três passadeiras de distância.

Quinta-feira estava lá eu, pontualmente às 10h da manhã (hora de abertura) e, mal entro, é-me dito: "Hoje a Biblioteca fecha às 12h."
Eu já o tinha lido no papel que foi posto à porta e, sem que me tenha sido dada nenhuma explicação concreta, pensei para mim mesma que, por duas horas, nem sei se valeria a pena terem aberto...

Ontem, Segunda-feira, à tarde, uma das funcionárias interrompe o estudo em cada uma das salas - todas cheias - para colocar em cima de cada mesa uma folha A4, que dizia qualquer coisa como:

"Como é sabido, na próxima quarta-feira, realizar-se-á o jogo Portugal X República-Checa, pelo que a Biblioteca encerrará pelas 16h."
A hora normal de encerramento seria pelas 19h.
Ora eu pergunto: então vão cancelar os exames, é isso? Ninguém mais terá de estudar este Verão, porque é um Verão de Campeonato Europeu? Melhor ainda: este ano há Jogos Olímpicos. Portugal também lá estará representado...os dias em que Portugal competir serão declarados feriado nacional?
Tenho estado eu a perder dias de praia, jogos do europeu, festas de santos populares, festivais de Verão, concertos e festas de anos para dedicar esse tempo ao estudo para o Estado me atirar à cara que vai estar toda a gente a ver o jogo e que, por isso, já não me vai deixar aproveitar as boas condições para estudo que uma biblioteca oferece?
Não tenho direito a definir as minhas prioridades? A decidir como giro o meu tempo?
É claro que a primeira coisa que me passa pela cabeça é o Ricardo Araújo Pereira num sketch dos Gato Fedorento a dizer: "As pessoas inventam com cada desculpa para não trabalhar!".
Mas depois apercebo-me que tudo se explica com duas palavrinhas apenas: função pública.
Como é que têm a lata de reclamar quando se lhes aperta os calos? Estou a generalizar? Quem quer respeito, dá-se ao respeito.
De pão e circo passamos para futebol e fado. Agora o povo contenta-se só com futebol.
Parvos são aqueles que aspiram a mais.

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