sábado, 2 de agosto de 2008

Declaração mistério

Dia 31 de Julho 2008, 20 horas. O país pára para ouvir o Sr. Presidente fazer uma declaração ao país que foi completamente mantida em segredo durante o dia todo. Várias foram as hipóteses, as suspeitas e as opiniões. O Sr. Presidente começa a falar. Assunto: Estatuto dos Açores devolvido pelo Tribunal Constitucional e o consequente veto.

Eu ainda demorei algum tempo a aperceber-me da veracidade da situação pois garanto-vos que, por momentos pensei estar a ouvir mal. Desde quando é que um Presidente da República sente a necessidade de explicar ao país o motivo pelo qual vai devolver um diploma ao Parlamento? A contrario sensu também gostaria de saber o motivo da promulgação de alguns diplomas pelo Presidente (só assim por acaso estou a lembrar-me do RJIES).
Um Presidente da República, segundo o que Cavaco Silva disse na altura em que foi eleito "não é um político e não toma atitudes políticas". Sou eu que estou enganada ou esta declaração ao país foi apenas um acto político? Cavaco é sempre obrigado a explicar os motivos pelos quais devolve um diploma ao Parlamento, por escrito e aos deputados. Ou será que agora, sempre que existir uma situação destas vamos ter uma declaração surpresa ao país?
Outro facto interessante foi o suspense criado em redor da declaração e do seu assunto. Sinceramente, qual é a necessidade de manter um assunto destes em segredo?

Embora não tenha votado em Cavaco para Presidente e não ter a maior das simpatias pelo respectivo senhor, sempre admirei a capacidade que teve de distanciar atitudes políticas do seu cargo. Parece que era apenas "fogo de vista".

1 comentário:

Ines Cisneiros disse...

Não considero que seja fogo de vista.
Foi "cortar o mal pela raiz". Se me disserem que quis despachar o assunto para ir de ferias descansado: ok, até sou capaz de sustentar isso.

O segredo foi exagerado, sem dúvida.

Muito se especulou sobre se seria sobre o estado do país e se a sua mensagem seria positiva ou negativa, mas muito honestamente, acho q uma coisa dessas faria muito menos sentido, até porque a mensagem de Natal já visa tais efeitos.

O que a mim me parece incompreensível é a crítica de Mário Soares. Para quem é/era tão frequentemente apelidado de "animal politico" parece-me ridículo que condene a prestação do Sr.Presidente da Republica. Pensei que a sua obcessao por Cavaco prescrevesse aquando dos resultados eleitorais. O senhor Mário Soares parece uma criança,amuada cada vez que se pronuncia acerca de Cavaco. Já durante a campanha eleitoral este tipo de comportamentos roçava a senilidade.

A mim nada me incomodou a mensagem do Presidente, pelo contrario, foi uma oportunidade de fazer umas revisões de Direito Constitucional e acho que o tema, se nos preocuparmos em acompanhá.lo, se revela até muito interessante e nao tao irrelevante quanto isso. O que me preocupou foi o segredo que se fez à volta disso e acho natural que as pessoas se chateiem quando constatam que a preocupação é vã.